quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Aprende miúda

No decurso de um luto, não atenderás o telefone - nem sequer aos teus familiares.

Insónia

Adormecer por volta da 00:00, acordar à 4:00 e ficar na cama a pensar na vida... Que fado o meu.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

É, assim, a vida

A C, de 29 anos, entrou pela primeira vez no meu escritório num dia cinzento do inicio de Novembro do ano passado. Os dias eram já pequenos e quando a recebi às 19h era já noite lá fora. A minha sala estava iluminada por um pequeno candeeiro que emitia uma luz amarela. Entrou na sala... Uns 1,60 de altura, magra, demasiado para a sua altura, ar pesado e consigo trazia uma mochila-trolley da Holmes Place.

Assim que começou a explicar-me o motivo da sua visita, o som do catarro saiu pela sua boca fundido com a sua voz. Fiquei mais atenta aos detalhes: cabelo sem brilho....morto, olheiras vincadas, pálida demasiado, as suas mãos esqueléticas com os tendões e veias completamente saídos. O preconceito imediato foi: ou fumas demasiado ou és anoréctica. Errado: infecção crónica pulmunar.Terminei a reunião a combinar reunirmos duas vezes por semana. Ela saiu do meu escritorio e eu tive a certeza que nunca mais a iria ver. Errei. Nunca faltou a uma unica reunião. Nunca se atrasou. Às 19h em ponto a campainha tocava. Era ela. O inicio foi muito complicado para mim. Desafiava-me como nenhuma outra o fez. Mas consegui chegar até ela. Melhor....consegui conquistar a sua confiança.

Um dia solarengo dos finais de Março, segunda-feira. O meu telefone toca. É a C. "Olá C., está tudo bem?"; "desculpe, aqui é o pai da C. É só para dizer que a C. faleceu esta noite... Achei que ia gostar de se despedir dela". Três frases que dificilmente me irei esquecer. Nem esquecer a sensação do chão que foi tirado dos meus pés...

Já aqui escrevi que estou numa fase complicada da minha vida. Estou arrogante, antipática, impaciente, pouco disponível, insecravel, ciumenta, insegura. Mas não fui capaz de dizer não quando ontem o pai da C. me telefonou a pedir para receber a mãe dela. Soube de imediato que ia ser muito violento para mim e que ia ficar de rastos. Fiquei ansiosa e nervosa. Esta noite tive pesadelos. Trabalhei 12h. E a ultima, foi para ela.

Vê-la e ouvi-la falar da filha, do feitio da filha, da arrogância da filha, da morte da filha, das saudades da filha, do...."nem é o facto de não a ver que me mais me custa....é o nunca mais ouvir a sua voz que me dói mais". É a sensação indiscritível de ver uma mãe que chora a morte de uma filha de 29 anos na esperança que eu lhe diga que a sua filha, algum dia, me disse "eu tenho orgulho na minha mãe". Uma mãe que precisa de saber que a filha tinha orgulho nela. Uma mãe que me implora "por favor, diga-me que ela lhe disse que tinha orgulho de mim!".

Estou desfeita... Nunca antes isto aconteceu. Nunca antes eu perdi o controlo desta maneira... Nunca antes desejei tanto desaparecer... Só queria suspender por uns instantes a minha vida só para poder descansar. Só descansar... Ficar quietinha. Na minha cama. Sem qualquer responsabilidade.






terça-feira, 16 de julho de 2013

Confissão de adul(escen)to

Sou uma pessoa muito insegura... quando alguma coisa de má ou estranha acontece, penso sempre que fiz alguma porcaria. Odeio ser assim.

Fight Club

Esta noite tive sonhos maus... daqueles que quando acordamos colocamos tudo em causa. Tudo. Depois caí em mim e fiquei revoltada . Mandei um grito à merda. Então, como mecanismo de sobrevivência.. estou a vazar a minha raiva contida e a fazer um esforço enorme para não descarregar em quem não merece e a passar a lingua nos lábios de satisfação pela oportunidade de descarregar naqueles que tocam no meu nervo sensivel. Hoje o fight club fazia todo o sentido e lutava até caír no chão exausta... de preferência com o actor principal.


Bom dia

sexta-feira, 28 de junho de 2013

O fumo de um cigarro

Fumo, fumo pouco mas fumo. Algo que me envergonha, principalmente com a actual pressão social. Talvez por isso, não gosto de fumar em frente de conhecidos. Para mim fumar um cigarro é algo privado, um momento de introspecção ou de simples não-reflexão. Algo que reservo para mim e só para mim, para não partilhar. O som do isqueiro, as folhas de tabaco a queimar, a sensação do fumo a entrar na boca...garganta...pulmões. Pulmões, garganta, boca e vê-lo no ar. É o post mais ridículo que escrevi, mas, tal como os restantes, não deixa de ser sentido. Escrever um acto privado, num blog anónimo.

Ouvi um colega dizer-me hoje "está com um ar abatido, cansado". Stress, trabalho, falta de tempo. Vou pensar sobre isto. Enquanto fumo um cigarro.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Hoje é dia de...

mimo. Muito mimo! Estou cansada, muito. Estou refilona, às toneladas. Por isso, um mimo para mim. Porque eu mereço.


sábado, 22 de junho de 2013

O prazer do trabalho

Apesar de trabalhar desde os tempos universitários, deixei oficialmente a condição de estudante há cerca de 5 anos  para me dedicar a uma profissão que até agora tem sido preenchida por sucesso. Numa área profissional das mais difíceis de vingar em Portugal, a verdade é que a vida tem sido simpática comigo e eu tenho aproveitado todas as oportunidades que ela me apresenta.

Hoje, com 30 anos, tenho orgulho de ter atingido metas que não construí nem tampouco ambicionei. Por vezes, penso na sorte que tenho tido e logo percebo a velha frase: "a sorte constrói-se". No meu caso, sim...  a minha sorte foi construída e as oportunidades aproveitadas.

Apesar de ter sido sempre uma aluna mediana, fiz um investimento muito grande na parte académica e na construção de um conhecimento técnico sólido. Na qualidade de profissional, a dedicação não é menor e o resultado é trabalhar simultaneamente em 5 instituições diferentes. Como poderão calcular, preciso de muita ginástica e disciplina para gerir tantos horários e, desde cedo, a agenda passou a ser a minha melhor amiga.

Até há um ano atrás, era comum trabalhar 86h por semana. Então, o meu corpo começou a reclamar seriamente e o aviso foi tido em conta, principalmente, porque a minha profissão exige uma cabecinha sã. Reduzi a carga horária e hoje trabalho, em média, 50h por semana e chego ao final do mês com um ordenado apenas decente. Portanto, não é o dinheiro que me move... mas antes o que o trabalho me faz sentir. Realizada. Preenchida. Feliz.

Hoje recebi um convite para coordenar um projecto de 3 anos numa outra instituição. Se aceitar, será a 6ª. Mas todo este investimento profissional tem um preço e a minha saúde começa a reclamar que abrande novamente.

Este é o meu grande problema: quando gosto de algo ou alguém dedico-me de "corpo e alma". Como em tudo na vida, resta saber se o preço a pagar compensa o esforço exigido.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sinto a falta dela

Tenho para mim que a desilusão faz parte da nossa vida e quanto mais cedo integrarmos este facto, mais cedo aprendemos a lidar com ela. Ou não.

Várias foram as pessoas que, ao longo destes anos, me desiludiram e por variadíssimos motivos: traições, invejas, mal entendidos, expectativas altas nas pessoas erradas... Dependendo da gravidade, assim é a minha reacção. Pessoas houve que foi possível concertar o dano (perdoar, mas sem esquecer) e outras, o corte foi radical para proteger maiores danos. Posso dizer que tenho, praticamente, todas as desilusões resolvidas comigo própria. Menos com uma... A especial... A amiga de infância.... A irmã.... Aquela que depositamos a nossa vida nas suas mãos porque sabemos que "nunca me irás trair"...e a inocência é tão linda até nos ser arrancada abruptamente. 

Desilusões atrás de desilusões, o perdoar constante tentando entender os motivos,  arranjar razões que justifiquem o respeito e carinho sentido...até atingir o limite e reconhecer para nós próprios que não passou de 20 anos de mentiras e idealizações. Hoje sonho contigo. Hoje  sinto saudade da doce ilusão criada. Hoje odeio-te por seres tão fraca e odeio-me por ser tão permissiva e ingénua. Tanta coisa ficou por dizer... Mas acima de tudo "metes-me nojo por seres tão estúpida, mas fazes-me tanta falta porque continuo a amar-te...." . Quem disse que os sentimentos não pode ser clivado?

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Dr. House & Tyrion Lannister

Há dias falava com uma colega que diz venerar o Dr. House, nomeadamente, a personagem principal. Confesso que nunca consegui perceber o fascínio em torno desta personagem...a série é interessante, as personagens e narrativas estão bem construídas, mas daí existir uma admiração profunda pelo médico, não entendo. Bom, na verdade até entendo, mas prefiro guardar a reflexão e, consequente, arrogância para mim.






Outra personagem que parece fazer furor na mesma onda do House é o Tyrion Lannister. Não deixa de ser interessante como ambos têm tantos traços em comum: ambos têm um handicap físico; ambos sofreram desgosto de amor, ambos são mais inteligentes que todos os outros; e ambos têm sarcasmo às toneladas para vender. Mas pelo menos, o baixinho é libidinalmente mais feliz. 


terça-feira, 18 de junho de 2013

Arroz, feijão, saúde e educação

Dezenas de milhares de brasileiros manifestam-se esta noite em todo o país no que é uma escalada da contestação ao aumento do preço dos transportes públicos iniciada a semana passada. Em Brasília, cerca de 200 manifestantes conseguiram mesmo invadir o perímetro do Congresso.

In DN


Bom....nenhum povo é estúpido ao ponto de fazer uma revolução apenas porque os transportes públicos vão aumentar. O mesmo não podemos dizer do jornalismo português que, por vezes, é contagiado por aquele vírus chamado preguiçalimittus e cujos sintomas se centram na inércia e falta de vontade de pesquisa/aprofundamento das informações disponibilizados pelas fontes (sempre a mesma....).

A revolta do povo brasileiro contra o Itamaraty não é apenas pelo aumento do preço dos transportes públicos. É também pelo preço absolutamente escandaloso dos alimentos (muitas vezes o triplo dos preços  praticados em Portugal); da inflação que todos os dias obriga os comerciantes alterar o preço dos produtos varias vezes ao dia; pela falta de qualidade dos serviços públicos de saúde onde commumente uma mulher dá à luz num corredor de um hospital sozinha por não ter quarto nem sequer ter medico/enfermeiro para ajudá-lá. A revolta dos brasileiros é pelo investimento que o governo faz no desporto e na imagem internacional de um país onde parte do povo continua a passar fome e a saúde e justiça não é igual para todos.

Povo brasileiro, esta portuguesa está solidaria com a vossa luta...mais não seja, por ter visto - e continuar a ver - um filme tão parecido vivido deste lado do Atlântico.







segunda-feira, 17 de junho de 2013

Malditos

Sugaram a minha energia e ninguém me avisou...

Manhãs de trabalho

Todas as manhãs são iguais, o despertador toca às 6h30 e só me levanto às 7h15 e porque penso "vais chegar tarde e vão despedir.te!". Acordo toda inchada e babada, mas ninguém me fale a não ser que queira sentir a ira de um cú de sono ainda com remelas.

Entre pequeno-almoço, ler jornais, ver jornais, ler blogs, tomar banho, maquilhar-me e etc.e tal, saio de casa nunca antes das 9h - hora que deveria entrar no trabalho. Portanto, 1h30 parece-me muuuuuuito razoável para tornar-me numa mulher!

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Mascara

Sinto, por vezes, uma necessidade incrível de pegar nas minhas coisas e desaparecer, sem qualquer aviso nem explicações...

Luta de animais e "pratica da Idade Media"

A tristeza de vivermos no século XXI e assistir à crueldade e dor infligida nos animais apenas por terem uma definição jurídica diferente do homem. Mais tristes são os argumentos daqueles que alegam questões culturais para justificar algo que não tem justificação. Questões culturais como o comércio de escravos, das lutas até à morte entre homens, do uso de crianças-soldados em guerras e por aí fora... Triste e estranho mundo este em que vivemos.

Luta de animais e "pratica da Idade Media" in CM


sexta-feira, 7 de junho de 2013

Inicio do céu estrelado

Ouvir Estrelas

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

Olavo Bilac